sexta-feira, 16 de maio de 2014

Nutrir e reparar

Chegou à meta ou terminou o treino? Os cuidados não terminaram. A nutrição desempenha um papel determinante antes, durante e depois do treino. Optimiza a recuperação e prepara o treino para a sessão seguinte.
Existem três prioridades a ter em conta depois do treino a que a nutrição deve corresponder:
- Restabelecer as reservas de glicogénio gastas pelo esforço físico, assegurando que tem energia para o treino seguinte;
- Eliminar os metabolitos tóxicos formados pelo esforço físico responsáveis por sintomas como dores musculares, fadiga e cãibras musculares;
- Repor os fluidos e electrólitos perdidos pelo suor.
À parte disto deve também preocupar-se com a reparação do tecido muscular danificado, mas cumpridos os cuidados essenciais, essa tarefa também será assegurada.
O restabelecimento das reservas de glicogénio não é feito de imediato mas os hidratos de carbono que ingere logo a seguir podem determinar a rapidez com que é feita. O que pode permitir-lhe, por exemplo treinar logo no dia a seguir com as reservas no máximo ou mesmo no próprio dia com menos impacto no rendimento. Os vários estudos demonstram que esta reposição é mais rápida quando são utilizados hidratos de carbono de índice glicémico alto e fácil absorção e assimilação, ou seja, basicamente açúcares simples. De grosso modo, a glucose (ou dextrose) é o hidrato de carbono mais indicado para o efeito.
Devido ao esforço, o seu organismo agradece que ingira alimentos de fácil assimilação e digestão por isso deve ter o cuidado de não fazer refeições pesadas nas três horas que se seguem ao treino ou prova. Por desconhecimento, algumas organizações servem almoços de pratos pesados que podem prejudicar o atleta (exemplo: sopa da pedra, e feijoada são frequentes em algumas ocasiões festivas tradicionais).
Com base nos dados dos estudos e simultaneamente na observação das necessidades dos atletas, pode recomendar-se o seguinte esquema:
- Ingestão da bebida desportiva na primeira meia a uma hora, ou seja, continue a beber logo após o fim do percurso. A bebida por ser líquida irá ser mais facilmente absorvida, provoca menor esforço digestivo e repõe também fluidos e electrólitos perdidos no suor.
- Faça uma refeição com hidratos de carbono na forma de alimento 1 hora depois. Os mais recomendados pela sua digestibilidade são o puré de batata ou a batata doce. Mas pode também optar por banana, cereais de fácil digestão (flocos de milho), arroz branco cozido ou o suspeito do costume – a massa.
Para todo os efeitos, esta refeição deve ser moderada em proteína e pobre em gordura e fibra para assegurar uma rápida digestão e absorção dos nutrientes.
E é necessário ingerir proteína?
A adição de proteína nesta refeição pode ser particularmente benéfica para quem tem uma grande perda de massa muscular durante o esforço. Convém não esquecer que o músculo é o nosso órgão funcional no desporto e por isso, perdas de massa magra podem afectar directamente o rendimento do atleta.
Os vários estudos demonstram um efeito benéfico da toma de um suplemento comercial de proteína, à base de proteína do soro de leite (Whey). Trata-se de uma fonte de alto valor biológico, elevada digestibilidade, fácil assimilação e rica nos aminoácidos realmente importantes na recuperação e reparação do tecido muscular.
No corredor, recomenda-se uma ingestão de proteína na proporção de 1:3 ou 4 com os hidratos de carbono. Num atleta de força essa proporção tende para 2:2 ou 2 ou 3:1.
Pode igualmente utilizar alimentos como fonte de proteína, idealmente baixos em gordura. A maioria das fontes proteicas na alimentação são também fontes de gordura saturada. Por isso deve escolher bem entre: leite magro ou derivados (se tolerados), peixe magro, carne branca cozida e no limite ovo cozido.
Uma pequena porção proteica (1 copo de leite/2 iogurtes/25g queijo ou 1 ovo cozido) podem fornecer os aminoácidos que o seu corpo precisa para restabelecer o tecido muscular e permitir uma recuperação total.
Desintoxicação
Não vamos mentir! O esforço físico é um factor de stress para o nosso organismo. O elevado output energético a que obriga provoca a libertação de uma grande quantidade de metabolitos tóxicos para as nossas células e que têm de ser eliminados. Uma das principais causas de fadiga precoce e dores musculares é o stress oxidativo, o nosso corpo precisa de oxigénio para produzir energia mas este lesiona as nossas células.
A decomposição rápida dos nutrientes e o seu consumo, formam outros metabolitos tóxicos.
Por isso, devemos ajudar nesta eliminação ingerindo alimentos ricos em antioxidantes e, quando o esforço físico é mais intenso, optando mesmo por suplementar. As vitaminas C e E são os principais antioxidantes, mas aposte também nos fitoquímicos. Segredo: os frutos vermelhos como as amoras, os mirtilos e as framboesas são excelentes suplementos para a sua dieta.
Líquido ou sólido?
Um batido será a melhor opção para depois de um treino mas depois de uma prova recomenda-se que seja feito como recomendado (1º bebida 2º sólidos). O batido sugerido anteriormente fornece hidratos de carbono de absorção rápida e lenta (mel, banana e cereais), assim como proteína do leite.
Pode encontrar uma fórmula que se adapte melhor ao seu caso e aos alimentos que tem disponíveis. Idealmente, deve começar este processo de reparação até meia hora depois do fim do esforço. Por isso, se treinar longe de casa, assegure-se que tem tudo à mão para não se atrasar no delicado momento de reparar. É a melhor recompensa pelo esforço dispendido.



nelsonmanuelbenjamim

Alimentação do atleta

A alimentação tem um papel chave no rendimento físico e intelectual de qualquer indivíduo, contudo assume ainda maior importância num desportista e sobretudo se estiver já com uma regularidade e intensidade significativas.
O atletismo e modalidades associadas não são excepção, envolvem sobretudo esforços prolongados (tirando as modalidades de velocidade) que exigem resistência física e psicológica do indivíduo.
O rendimento do atleta pode ser determinado pela constituição das suas reservas energéticas do organismo.
principal combustível é o glicogénio, presente no fígado e no músculo e que fornece glucose para ser utilizada por órgãos vitais como o cérebro mas também pelos glóbulos vermelhos.
Contudo, um esforço do tipo aeróbio como o dos desportos de resistência, propicia também à utilização das gorduras como fonte de energia. É um metabolismo que exige muito esforço do organismo pelo que normalmente é deixado para segundo plano.
Em estados de crise energética, o corpo precisa de encontrar uma fonte de energia mais fácildo que os ácidos gordos, encontra essa possibilidade nos aminoácidos vindos da proteína que compõe o tecido muscular.
Estes metabolismos explicam a típica composição corporal do maratonista, pouco musculado mas também com muito pouca gordura.
A alimentação influencia sobretudo a correcta constituição das reservas de glicogénio hepático e muscular, mas é igualmente essencial para uma recuperação completa com reparação do tecido muscular danificado e eliminação dos metabolitos tóxicos.
Por, isso os timings mais importantes da nutrição do atleta são:
1. O pequeno-almoço, porque estivemos muito tempo sem comer, as nossas reservas de glicogénio hepático estão completamente gastas e temos um dia pela frente.
Não há nenhuma outra refeição que eleve o metabolismo como o pequeno-almoço, aumenta em cerca de 25% os gastos em repouso.
2. Pré-esforço, obviamente porque é o que determina a nossa energia física e mental para o esforço físico. Embora tudo quanto comemos possa influenciar o rendimento, esta refeição pode ser crítica para uma má prova ou mau treino.
3. Pós-esforço, fundamental para repôr as reservas de glicogénio muscular, reparar os tecidos danificados e repôr água e electrólitos perdidos no suor.
Basicamente, a dieta do atleta deve respeitar algumas regras importantes, tais como:
- Fornecer as calorias necessárias para cobrir as necessidades básicas e do exercício físico. Um valor base seria 38 a 45Cal/Kg de peso.
Quando se pretende perder peso é preciso baixar este valor mas não cortem sem definir o valor de manutenção, quem inicia raramente sabe quanto precisa por isso mais vale estabelecer uma base.
- Comer hidratos de carbono na ordem dos 6 a 8g/Kg de peso ao longo de todo o dia, é preferível manter 5 a 6 refeições base com quantidades semelhantes do que sobrecarregar o organismo em 2 ou 3. Se for para dar prioridade deve-se insistir nos 3 timings essenciais.
Prefiram hidratos de carbono complexos como cereais integrais, batata (sobretudo doce), massa e arroz integral. Provavelmente terão que evitar o feijão e o grão para não haver flatulência mas as ervilhas e as favas poderão ser mais fáceis de tolerar.
- Moderem a gordura e optem apenas por gorduras saudáveis. Prefiram o peixe à carne e juntem 1 punhado de nozes, amêndoas ou amendoins à alimentação diária. São ricas em ácidos gordos essenciais e minerais.
- Utilizem legumes mas apenas os que toleram, para evitar alterações digestivas sem renunciar ao valor nutritivo experimentem fazer sopas completamente passadas.
- Escusado será dizer que não devem experimentar alimentos novos antes de uma prova ou treino importante.

nelsonmanuelbenjamim