sábado, 16 de julho de 2011

Mito

Médica diz que recomendação de beber de seis a oito copos de água por dia é absurdo ridícul'/ Foto: Pablo Jacob
RIO - Absurdo. Assim a médica Margaret McCartney definiu a uma publicação técnica do Reino Unido a recomendação de beber até oito copos de água por dia para prevenir a desidratação.

- Não só um absurdo, mas um absurdo ridículo - argumentou ela à "British Medical Journal" desta semana.
Segundo ela, não há uma prova clara dos benefícios de se beber grandes quantidades de água, mas o mito tem grandes defensores, inclusive o Sistema Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido, que recomenda o hábito em seu site.
Outras organizações, como a "Hidratação para Saúde" criada pela Danone - que vende as águas Volvic e Evian - recomenda até dois litros de água diariamente sob o argumento de que a desidratação é responsável pelo desenvolvimento de várias doenças.
A médica aponta vários relatórios que mostram, por exemplo, que o aumento de ingestão de água em crianças pode melhorar a concentração. Mas esses relatórios não foram confirmados por pesquisas posteriores.
- Há muitas empresas com interesses que gostariam de dizer aos médicos e pacientes o que fazer. Nós deveríamos dizer não a isso - conclui.
nelsonmanuelbenjamim

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Grupo Carnavalesco Vila Isabel do Brasil terá: Enredo de 2012 exaltará Angola

Grupo Carnavalesco Vila Isabel do Brasil terá: Enredo de 2012 exaltará Angola
Rio - A Vila Isabel já tem enredo para 2012. A escola vai exaltar a história de Angola na Sapucaí. O anúncio foi feito neste sábado durante a feijoada da agremiação que também serviu para a apresentação dos novos diretores de bateria: Paulinho Botelho e Wallan. Na ocasião, a nova diretoria, comandada pelo presidente Wilsinho, tomou posse. A rainha de bateria Sabrina Sato prestigiou o evento e foi bastante aplaudida pelo público.carnaval rio 4710
O enredo foi fechado nesta sexta-feira durante uma reunião na Embaixada de Angola, em Brasília, que contou com a presença de autoridades do país, além de Martinho da Vila e do presidente Wilsinho.
Em entrevista ao Dia na Folia, Martinho, que é presidente de honra da agremiação, revelou que ajudou a costurar a negociação com o país africano.
"Será um grande enredo. Angola tem muito a ver com a cultura brasileira. Podemos dizer que será um Kizomba 2, só que com mais dinheiro e sem desespero. A Vila está feliz com esse tema", comemorou o cantor, fazendo referência ao lendário desfile de 1988, que exaltou a cultura negra e deu o primeiro título para a Vila Isabel.
ODIA

Versão Sul Africana da última fase de Cuito Cuanavale

Versão Sul Africana da última fase de Cuito Cuanavale

 
mig23Depois da batalha a limpeza das operações continua em ambos os lados. Os observadores da África do Sul viram com desgosto os soldados das FAPLA dispararem em muitos dos seus próprio feridos porque eles eram incapazes de os evacuar ou dar-lhe assistência médica.
No fim do dia o comandante sul africano Deon Ferreira, emitiu uma mensagem para HQ que a sua missão tinha sido realizada e que o avanço angolano cubano em Mavinga tinha sido parado. As suas novas ordens eram para limpar todos os restos das forças inimigas do lado oriental do rio Cuito e estabelecem as posições das quais poderiam impedir qualquer posterior encontro no território de UNITA.
Nenhum menção foi feita de capturando Cuito Cuanavale mesmo. A SDAF, fez entretanto, procurar estar numa posição de que eles poderiam atingir o aeródromo e neutralizar a base como um ponto para começar uma nova ofensiva. Cuito permitia aos Mig’s cubanos o acesso fácil ao território de UNITA e se ela fosse destruída os Mig’s teriam que se mover 175 quilómetros para o oeste.
Os grupos da artilharia G5 foram deslocados e começaram bombardeando Cuito. Os SAAF enviaram 4 Mirages como um isco enquanto os Mig’s foram rolado fora de seus hangares de concreto reforçado o G-5’s martelou a pista de descolagem com obuses. Dentro de pouco tempo o aeródromo foi destruído e os Mig’s restantes foram forçados a ir para Menongue.
Os mísseis Stinger foram usados também com sucesso pela UNITA e dois pilotos cubanos foram feitos prisioneiros depois dos seus Mig’s terem sido abatidos.
A ofensiva cubana - FAPLA tinha falhado. Mais tarde os cubanos tentaram salvar a face e reforçar as suas desmoralizadas tropas reivindicando que tinham ganho a "batalha de Cuito Cuanavale", que eles clamaram terem com sucesso defendido contra todos os ataques dos sul africanos!
Durante a campanha os sul africanos, não esqueceram o facto que foram envolvidos numa guerra não declarada e sem aliados no oeste, privados de fazer qualquer declaração pública no progresso da guerra. Isto deu os cubanos e angolanos a vantagem na propaganda da guerra. A SADF não poderia revelar que teve somente uma força pequena de combate de menos de 3000 tropas com armamento ligeiro em Angola, porque isto teria revelado a sua fraqueza para o inimigo. O treino e as tácticas superiores da SADF tinham convencido os cubanos e os angolanos que enfrentavam uma grande e pesada força armada.
Como Chester Crocker escreveu mais tarde:
"Em Outubro a ofensiva Soviética - FAPLA foi esmagada no rio Lomba perto de Mavinga. Aconteceu num recuo precipitado sobre as 120 milhas atrás para o preliminar ponto de lançamento em Cuito Cuanavale. Em algumas das batalhas mais sangrentas de toda a guerra civil, uma força combinada de uns 8.000 guerrilheiros da UNITA e 4.000 tropas da SADF destruíram uma brigada das FAPLA e abateram diversos outros fora de uma força total das FAPLA de alguns 18.000 integrados na prolongada terceira ofensiva. As estimativas de perdas das FAPLA variaram para cima de 4.000 mortos e feridos. Esta ofensiva tinha sido uma concepção soviética do princípio ao fim. Os oficiais soviéticos sénior jogaram um papel central na sua execução. Mais de mil conselheiros soviéticos foram atribuídos para Angola em 1987 para ajudar com esforço logístico o maior de Moscovo em Angola: aproximadamente $1.5 biliões em militar "hardware" foram entregues naquele ano. As quantidades enormes do equipamento soviético foram destruídas ou caíram nas mãos da UNITA e da SADF quando as FAPLA quebraram num recuo desorganizado… A campanha militar de 1987 representou colossalmente uma humilhação para a União Soviética, seu armamento e sua estratégia. As FAPLA levariam um do ano, ou talvez dois, para recuperar e reagrupar. Além disso o desastre militar angolano ameaçou ir de mal a pior. Em meados de Novembro, as forças da UNITA/SADF tinham destruído o aeródromo de Cuito Cuanavale deitado abaixo milhares das melhores unidades restantes de FAPLA que se fixaram nos perímetros defensivos da cidade".
Os resultados da campanha até Abril 1988 foram 4.785 mortos do lado dos cubanos - FAPLA com 94 tanques e centenas de veículos de combate destruídos, contra 31 sul africanos mortos em acção, 3 tanques destruídos (os tanques da SADF entraram na guerra após a campanha do rio de Lomba) e 11 carros blindados de transporte de tropas da SADF perdidos. Um total de 9 Mig’s foi destruído e somente 1 Mirage da SADF foi abatido.
Após 13 anos em Angola os cubanos não tinham conseguido ainda o seu objectivo de destruir UNITA e de marchar para a Namíbia como "libertadores". Eles tinham subestimado mal os sul africanos e descoberto à sua custa que eles foram enfrentar tropas altamente treinadas e endurecidas em batalhas. Se eles tinham tido o incómodo para examinar a historia militar da África do Sul, pudessem talvez ter parado para pensar no facto que os antepassados destas tropas, os Boers, tinham suportado o poderio do Império Britânico na baía durante a Guerra dos Boer, quando 450.000 tropas britânicas levaram três anos para subjugar uma força de pouco mais de 20.000 Boers.

Angolanos são os que mais gastam em portugal

Angolanos são os que mais gastam em portugal

 
Notícias - Angola24horas
angolanos47Estrangeiros gastaram 410 milhões em Portugal
Os gastos dos estrangeiros em Portugal com cartões subiram 16,71% para 410 milhões de euros até Abril, face ao período homólogo, sendo os franceses os mais despesistas e os angolanos os que mais aumentaram os gastos, segundo a Visa Europe.
Segundo o estudo 'Visa Europe: Mediterranean Rim Tourism Monitor', a que a Agência Lusa teve acesso, os franceses foram os estrangeiros que mais despesas fizeram em Portugal, mantendo o primeiro lugar no ranking com 88 milhões de euros despendidos no período em análise, um aumento de 11,66% face aos primeiros quatro meses de 2010.
O estudo revela ainda que Angola foi o país com maior aumento de despesas em Portugal, de 68,5%, ao passarem de 33 milhões de euros em 2010 para 56,9 milhões de euros este ano.
Os consumidores espanhóis diminuíram as despesas em 7,19%, quando comparado com os primeiros quatro meses de 2010, mas mantiveram a terceira posição do ranking dos dez principais países estrangeiros a consumirem bens e serviços em Portugal.
Mais gastos no comércio
O sector de retalho foi o que mais beneficiou da presença de turistas em Portugal, beneficiando de 76 milhões de euros de despesas de estrangeiros, seguindo-se a hotelaria com cerca de 53 milhões de euros.
Mas o sector com maior aumento de receitas oriundas dos cartões visa de débito e crédito e cartões comerciais foi o dos serviços de utilidade que cresceu 55%, enquanto o de aluguer de automóveis registou uma quebra de 3,7%.
O 'Visa Europe: Mediterranean Rim Tourism Monitor' avalia o perfil de despesas de turistas estrangeiros na Bacia Mediterrânica, calculada com base em dados da utilização de cartões Visa de débito, crédito e pré-pagos nos seis países da região: França, Itália, Portugal, Espanha, Grécia e Turquia.
Os visitantes estrangeiros destes seis países utilizaram os seus cartões para levantar 184 milhões de euros em dinheiro, entre Janeiro e Abril passados, mais 13,4% do que no mesmo período de 2010 (159 milhões de euros).
As despesas dos consumidores estrangeiros naqueles seis países da Bacia Mediterrânica aumentaram 14,24% naquele período, superando os 7,5 mil milhões de euros face aos 6,6 mil milhões de euros registados no período homólogo anterior.
Os consumidores do Reino Unido mantiveram a liderança dos dez povos estrangeiros com mais despesas naquela região, ao gastarem 1,3 mil milhões de euros, seguidos pelos franceses (871 milhões de euros) e norte-americanos (583 milhões de euros).
Os russos foram responsáveis pelo maior aumento homólogo nas despesas feitas com cartões Visa, passando de 261 milhões de euros nos primeiros quatro meses de 2010 para 394 milhões de euros no mesmo período deste ano, um crescimento de 50,65%.
Lusa

Seguranças de Merkel trazem cães para farejar explosivos

Lisboa - Começou a chegar discretamente a  Luanda,  o  grupo   de avanço que acompanha a chefe do Executivo alemão Angela Merkel.  Para melhor segurança da   Chanceler a sua equipa de segurança trás a bordo do avião que a transporta, na noite de terça-feira  cães treinados para detectar  explosivos e outros metais nocivos a segurança da  mesma. 

Fonte: Club-k.net
Primeira visita a Angola
Esta segunda feira (11) aportou, no aeroporto de  Luanda,  um grupo  da sua  segurança pessoal,   altos funcionários do Gabinete da Chanceler  tal como uma  equipa de tradução com realce a  traductora oficial de português do Governo federal, Sabrinne Eischorn. No total conta com uma delegação de 60 elementos.

A dirigente trás ainda consigo  quase 3 dezenas de jornalistas e correspondentes da imprensa alemã em África, em razão do qual a vinda da dirigente alemã é encarada com expectativa de ambos os lados.   

Esta é a primeira visita oficial de um segundo mais alto mandatário do estado alemão a Angola.  Merkel, que  tem o como ponto alto da sua estadia em Angola um encontro com o Presidente José Eduardo dos Santos, será recebida com honras militares no palácio da cidade alta.

Procederá igualmente na quarta-feira, a inauguração daquilo que será a Central Catering da Lufthansa em Angola que atenderá os  destinos da companhia alemã de bandeira na África Austral, a ser construída nas instalações da Taag ao aeroporto 4 de Fevereiro.

A Cidade do Kilamba - Maurílio Luiele


Brasil - A nova centralidade do Kilamba é de facto um projecto imobiliário ímpar na história recente de Angola. É um projecto ousado e grandioso e não há como negar que ele representa, indiscutivelmente, um passo adiante na solução dos ingentes problemas de habitação de que Luanda enferma.

Fonte: Club-k.net

Ainda assim a sua importância deve ser relativizada e nada justifica o tremendo alarido que a comunicação social faz em torno dela e muito menos o manifesto aproveitamento político que se pretende extrair. Porque relativizar a importância da Cidade do Kilamba?

1 - Em primeiro lugar tem a ver com prioridades e vou procurar me explicar porque discuto aqui a questão das prioridades. Nestes últimos anos temos assistido a uma acelerada degradação de bairros populosos de Luanda como o Cazenga, o Sambizanga, o Rangel (falo particularmente da Terra Nova) e do Neves Bendinha (famoso Bairro Popular). Juntos estes bairros devem albergar aproximadamente dois milhões de luandenses, fazendo cálculos por baixo, que têm, por isso, encontrado cada vez mais dificuldades nas suas vidas. A situação do Cazenga é particularmente aflitiva e reclama a todos os títulos uma intervenção emergencial. Assim a questão que coloco é a seguinte: não seria prioritário desenvolver projectos que estanquem a degradação e de requalificação destas áreas, tendo em conta que, no limite, a cidade do Kilamba albergará quinhentas mil pessoas, portanto muito abaixo do número de pessoas das áreas citadas?

2 - O padrão dos apartamentos é pelo que se propala, elevado, por isso, mesmo que se barateie ao máximo, o facto é que, nas condições econômicas de hoje, poucas são as pessoas capazes de preencher financeiramente os requisitos de acesso. Além disso, os esquemas habituais vão certamente poluir as condições de acesso tornando ainda mais desiguais as possibilidades de uns e de outros. Assim, entendo que, se existe disponibilidade financeira para trazer à luz um projecto desta dimensão, do mesmo modo deveria haver no sentido de serem erguidas casas populares acessíveis bem como condições para travar urgentemente a degradação e requalificação das áreas atrás referidas.

3 - O terceiro aspecto que, a meu ver, deveria refrear o nosso entusiasmo é a perspectiva futura de manutenção curativa e preventiva do empreendimento. A nossa história recente apenas nos reserva maus exemplos sugerindo que nada está garantido quanto aos serviços de manutenção daquele projecto. Dois exemplos serviriam para ilustrar o que atrás afirmo: o projecto Nova Vida e numa perspectiva mais recuada o projecto Ecocampo em Cacuaco. Neste último toda a estrutura urbana simplesmente ruiu e as ruas do bairro não sei se são hoje dignas desse nome e, para completar, construções adicionais e muros não padronizados construídos aos olhos das autoridades, vieram ferir de morte o plano arquitectónico original.

O projecto Nova Vida segue inexoravelmente o mesmo caminho e para quem tem alguma dúvida basta visitar os prédios que integram o conjunto habitacional Nova Vida. Mais uns anos e o projecto deixará de constituir o sonho de uma Nova Vida como o seu nome sugere.

Não adianta como sempre se faz, distribuir as culpas apenas pelos populares. Fazer isso é simplesmente esvaziar o próprio conceito de Estado. Como todos sabemos qualquer manual básico de política, atribui a gênese do Estado e do direito positivo que lhe é inerente, da necessidade de retirar o homem do Estado de natureza (Thomas Hobbes) entendido aqui como aquela condição em que as paixões correm a solta e cada um faz o que quer e usa a força como bem entende para fazer valer os seus intentos. O Estado vem assim para fazer prevalecer a razão sobre as paixões por via da lei e monopoliza para si o uso da força para impor a lei. O Estado é, portanto, autoridade. Por isso, no caso em epígrafe, cabe ao Estado prover os cidadãos com educação e conhecimento para obedecer e cumprir a lei, agir com urbanidade e cidadania. As soluções técnicas para harmonizar a vida das cidades e comunidades competem ao Estado, por isso, quando uma cidade actua violentamente contra o seu plano arquitectônico diante da passividade do Estado é a este que devem ser assacadas em grande medida as responsabilidades. Do mesmo modo, o cidadão deve ser educado a agir com higiene e preservar esteticamente o lugar onde mora, mas, as soluções técnicas para recolha de resíduos sólidos e saneamento são detidas pelo Estado. Por isso é ao Estado que incumbe grande parte das responsabilidades. Senão é assim, o que é afinal fazer política? O que é o político?


Assim colocado o problema, me parece que o grande alarido que se faz hoje em torno da Cidade do Kilamba tem como objectivo fazer esquecer entre nós, a fabulosa promessa de um milhão de casas feita por José Eduardo dos Santos no quadro da campanha eleitoral de 2008. É que mesmo considerando os 3 000 apartamentos já concluídos na Cidade do Kilamba qualquer cálculo mais elástico vai levar talvez a um máximo de 30 000 ou 40 000 casas construídas neste período. Ainda que eventualmente tenham sido construídas 100 000 casas, o que é pouco provável, o número ficaria escandalosamente muito abaixo do prometido (1 000 000). O jeito é então empalhar fazendo de um anão um gigante (passe a expressão). A Cidade do Kilamba surge assim, nesta perspectiva, como um jogo de diversão, para distrair o cidadão em relação a promessas insinuantes de campanha.

De qualquer modo a grande questão que prevalece, e para qual são descabidas as alegações de que "Roma não se construiu num dia", é a profunda dissonância entre o crescimento econômico e o desenvolvimento social, a persistência de indicadores sociais tórpidos, as desigualdades sociais acentuadas e as grandes assimetrias regionais. A nossa economia continua demasiado "petroleocêntrica" e, isso dificulta a geração de empregos no ritmo que se impõe e uma melhor distribuição de renda. A diversificação da economia que pode ser a porta de saída emperra porque o Estado atua de forma a reprimir o mercado. O plano de construção de infra-estruturas é demasiado segmentado e viciado, a burocracia é ainda muito pesada, abrindo brechas à corrupção sistêmica e os serviços públicos são precários, não se vislumbrando a breve trecho melhorias nos serviços de distribuição de energia, água e telecomunicações (quantas vezes os bancos estão sem sistema, se calhar não há mais nenhum país onde a palavra sistema é tão arrepiante). O Estado intervém muitas vezes em áreas como o comércio a retalho e isto desequilibra a concorrência. O empreendedorismo não encontra terreno fértil e todos estes factores acabam aprisionando as forças de mercado e dificultando assim a diversificação, que se impõe, da nossa economia. Enquanto esta permanecer assim tão "petroleocêntrica" ficará demasiado exposta e vulnerável às crises externas.

Num momento em que as grandes economias se vêm diante de incertezas precisamos reflectir como esta crise do mundo rico pode contaminar a nossa economia e que antídotos desenvolver para continuar crescendo, diversificar a economia e distribuir melhor a renda nacional. Talvez fosse oportuno refletir em torno do "Modelo de Pequim" assente nos princípios enunciados pelo economista Ping Chen e que são os seguintes:

• Buscar oportunidades para o crescimento e adoptar reformas ousadas para aproveitá-las. A economia neoliberal tem pouca experiência nos países pobres e por isso frequentemente recomenda práticas de mercados desenvolvidos, equivocadas aos emergentes.

• Necessidade de manter um sistema dual para estabilidade e inovação

• Clara divisão de trabalho entre o governo central e local. O governo central é responsável pela segurança nacional e pela coordenação regional. A experiência de descentralização é o motor das inovações, não a imposição de regras por conselheiros externos.

•  Para o desenvolvimento regional, a liderança é mais importante do que o capital, recursos e infraestrutura.

• Economias mistas (capitalismo de estado) oferecem financiamentos para favorecer reformas e desenvolvimento. Políticas laborais não funcionam em países com grande população, poucos recursos e frequentes desastres naturais.

• A disciplina da economia chinesa é alicerçada na competição, e não na negociação com grupos no estilo ocidental. A democracia não é uma competição verbal, mas corrida por acções concretas. A legitimidade do governo não deriva do eleitorado, mas dos resultados políticos e econômicos.

• A coordenação entre governos, negócios, trabalhadores e sector agrícola tende a gerar uma nova parceria.

• Governos podem orientar o mercado, mas não devem ser conduzidos por ele. O essencial é o factor humano.

• As acções do governo devem focar o desenvolvimento interno, sem perder de vista turbulências externas.

Segundo Chen, a alternativa asiática de desenvolvimento é representada por valores compartilhados pelo governo e pelos cidadãos. O consenso de Pequim, baseado no apoio familiar, na edificação da Nação e no governo central que interage com a população é a alternativa ao sistema ocidental, fundado no individualismo, no consumismo e no equilíbrio entre grupos de interesse. (apud BARBOSA, Rubens, in jornal "O Globo" nº 28 463, de 12 de Julho 2011).

Evidentemente não estamos a sugerir a replicação pura e simples do modelo, mas, apenas oferecer janelas para compreender uma economia que cresce em média 9% nos últimos 30 anos e que pode sem dúvida, oferecer vias alternativas aos países em desenvolvimento que não apenas as receitas, muitas vezes amargas, prescritas pelas organizações de Bretton Woods. 

Em suma, a hora não é de adormecer à sombra da Cidade do Kilamba , mas de pensarmos em desenvolvimento de Angola capaz de transferir vantagens sociais incomensuráveis para o comum cidadão angolano, sem fintas nem tibiezas, mas com honestidade e transparência que só a democracia pode proporcionar. É hora de pensarmos em desenvolvimento capaz de converter a potência em riqueza real, corrigir as assimetrias regionais e reduzir as desigualdades.
Este é o grande desafio que se nos apresenta e ele não se compadece com jogos de diversão como se pretende fazer com a Cidade do Kilamba. Esta é bem vinda, é importante e necessária, mas, é apenas um detalhe no percurso que temos necessariamente que encetar rumo ao desenvolvimento pleno e sustentável.

Maurílio Luiele