segunda-feira, 18 de julho de 2011

O triatlo é um vício que está a crescer

Modalidade exigente

AFP
O triatlo é composto por três modalidades: natação, ciclismo e atletismo

O triatlo, diz o seleccionador Portugues, Manuel Alves, é "um vício". É das modalidades mais exigentes do desporto, uma combinação de generosos percursos de natação (1,5km), ciclismo (40km) e atletismo (10km). Um desafio que não é para todos. E, no entanto, é uma modalidade que tem conhecido uma enorme expansão em Portugal. Só em atletas federados, segundo números de 2010 da Federação de Triatlo de Portugal (FTP), são 1650, quase mais 40 por cento do que em 2009. E os resultados em alta competição rivalizam com qualquer modalidade do país. E não falamos apenas de Vanessa Fernandes.

"O último ano foi aquele em que a modalidade registou maior crescimento, que coincidiu com o abrandamento da Vanessa Fernandes. Assenta num projecto e numa estratégia de desenvolvimento e não dependeu apenas das prestações da Vanessa", explica José Luís Ferreira, presidente da FTP, organismo que apenas existe desde 1989. A verdade é que os números não têm parado de crescer. Em 2000, estavam contabilizados 440 praticantes federados, dez anos depois esse número quadruplicou. A mesma tendência verificou-se no número de participantes em provas nacionais (federados e não-federados), de 1538 em 2005 para 11.126 em 2010, sendo que o número quase que triplicou de 2009 (4381) para 2010.

A modalidade, considera Manuel Alves, tem um apelo global, vai buscar pessoas de todas as idades e de outros desportos, sendo que nem todos fazem as distâncias oficiais de campeonato do mundo, muito menos os supertriatlos do circuito Iron Man (3,86km de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida, o equivalente a uma maratona): "É um desafio aliciante e recompensador, onde a busca pela perfeição nunca acaba. As pessoas ficam viciadas. Do ponto de vista psicológico, quem pratica triatlo sente-se sempre um vencedor."

A grande figura do triatlo português é Vanessa Fernandes. É dela a maior parte dos títulos conquistados pelas cores portuguesas na última década - vice-campeã olímpica, campeão mundial, pentacampeã europeia e com 21 vitórias em provas da Taça do Mundo - figura maior de uma geração que tem trabalhado nos Centros de Alto Rendimento no Jamor e Montemor-o-Velho. Atletas como Bruno Pais, Duarte Marques, Maria Areosa, Anais Moniz e João Silva - que foi no sábado quinto classificado na etapa de Hamburgo da Taça do Mundo, à frente do espanhol Javier Gomez, actual campeão mundial - têm mostrado a força e a profundidade do triatlo português.

Sérgio Santos foi um dos grandes responsáveis pelos bons resultados de Portugal na alta competição como director técnico nacional, cargo que abandonaria em Agosto do ano passado e que acabaria por ser extinto pela federação, com Manuel Alves, na altura atleta do Sporting, a ficar com o comando das selecções. Santos acabaria por assumir um cargo no Centro de Estágios de Rio Maior, onde trabalha com atletas das selecções da Rússia, Sérvia, Israel e Brasil. José Luís Ferreira reconhece os méritos do antigo director técnico nos resultados obtidos, mas acrescenta que eles estavam a "abrandar" nos dois anos finais do consulado de Sérgio Santos.

Apesar do clima de crescimento que o triatlo vive em Portugal, o presidente da FTP admite que existe o risco de estagnação, até porque se deram cortes nos subsídios estatais. "Em 2011, segundo os números que temos, já há um crescimento ténue no número de atletas licenciados. Tivemos de fazer cortes nas medidas de apoio aos clubes e tivemos de redimensionar as nossas selecções", diz José Luís Ferreira, que fala em cortes de 13 por cento que correspondem a cerca de 80 mil euros por ano e também na quebra de apoios por parte dos patrocinadores e das autarquias - José Luís Ferreira diz que as câmaras devem cerca de 250 mil euros à federação, que, por seu lado, também deve algum dinheiro a clubes e atletas.

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